Meia não teve um bom ano e projeta um recomeço em 2011. Antes, quer tirar o Galo da degola
Fonte: Lancenet
Há exatamente um ano, Diego Souza vivia uma realidade um pouco diferente da atual. Havia se reintegrado ao Palmeiras, depois de participar de dois jogos da Seleção Brasileira do técnico Dunga, e liderava o Verdão, na época o líder, na tentativa do penta no Brasileirão-09.
Terminar o ano com a inédita conquista e conseguir uma vaga entre os relacionados do treinador foi o cenário ideal traçado pelo meio-de-campo para o fim de 2009. Mas não foi isso o que aconteceu.
Ao contrário.
Diego Souza sentiu, na pele, que o futebol dá voltas. Primeiro, perdeu o Brasileirão que parecia ganho e nem sequer conseguiu uma vaga na Libertadores para o Palmeiras. Aliado a isso, foi esquecido por Dunga na Seleção.
Neste ano, novo tsunami na sua carreira. Fracasso no Paulistão, más atuações e briga com a torcida do Palmeiras, ao ser substituído na vitória (1 a 0) sobre o Atlético-GO, pela Copa do Brasil.
A ofensa aos torcedores foi o ato final da sua passagem de dois anos e meio pelo Verdão. A próxima parada? O Atlético-MG, que investiu alto na sua contratação – cerca de R$ 6,5 milhões.
Outra vez o cenário parecia ideal. Vanderlei Luxemburgo no comando, um elenco recheado de bons jogadores, como Ricardinho, Diego Tardelli e Obina, e o período da Copa para ele ganhar preparo.
Mas, de novo, nada foi como o esperado. Estreia antes do prazo, derrotas em série, Galo na zona da degola e demissão do treinador.
Depois de tanta coisa ruim (xô, zica!), Diego Souza espera, enfim, mudar a sua sorte. O primeiro objetivo? Tirar o Atlético das últimas posições. Depois disso, quer adquirir a melhor forma para tentar fazer 2011 um ano diferente.
– É só isso o que eu quero – diz.
Acompanhe abaixo trechos da entrevista exclusiva com o melhor jogador do Brasileirão-09.
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LANCENET!: Qual análise você faz do momento atual com relação ao que viveu em 2009?
Diego Souza: Penso bastante nessa realidade, mas não posso ficar com isso na cabeça, até porque é preciso analisar tudo. Este ano foi conturbado para mim, tive um primeiro semestre de cobranças (da torcida) no Palmeiras, fiquei dois meses sem jogar, com o Brasileirão pegando fogo. Aí cheguei ao Atlético-MG e houve uma precipitação para eu jogar, fiz poucos trabalhos físicos e tive de estrear, por causa da situação ruim. Agora, só quero tirar a equipe dessa situação, para recomeçar em 2011.
LNET!: Fazia alguma coisa diferente?
DS: Eu estava relacionado e treinava antes dos jogos, para tentar acelerar a preparação física. E aí acabava, no fim do dia, entrando em alguns desses jogos. Eu sou um jogador grande, pesado, tenho de estar bem fisicamente e com mobilidade para render o esperado. Sou um atleta de força, de espaço curto.
LNET!: E este momento do time?
DS: Estamos passando por um momento difícil, vivi isso no Flamengo em 2005, só conseguimos escapar da zona de rebaixamento nas rodadas finais, parecia que tudo dava errado. E aqui acho que não vai ser diferente. Acho que vamos escapar, nosso momento é bem diferente de antes, o time está ganhando confiança e está crescendo, enquanto outras equipes estão caindo.
LNET!: Mas isso desgasta, não é?
DS: Desgasta muito, não só o corpo, mas a cabeça também, porque cada jogo vira uma final. Tem de jogar no erro zero, não relaxar nunca. Mas acho que o time vive uma fase legal. Já nos acostumamos com a zona de rebaixamento e isso ajuda para tentar sair. Outros times jogam com pressão por isso ser um fato novo.
LNET!: Dentro deste contexto, porque Luxemburgo não deu certo?
DS: Vanderlei viveu a sua carreira dirigindo times em busca de títulos, lutando por conquistas, sempre da metade da tabela para cima, com jogadores sempre com confiança. E aqui foi uma situação diferente, ele tentando tirar o time dessa situação, e não estava conseguindo. A equipe tendo um tropeço atrás do outro, e o jeito dele trabalhar era um jeito de quem trabalha com equipes que sempre estão brigando do meio da tabela para cima.
LNET!: Tiveram algum problema?
DS: Nada disso, a situação foi difícil para mim, para ele e para o grupo inteiro. Não conseguimos tirar o time dessa situação, e (Alexandre) Kalil (presidente do Atlético-MG) achou melhor trocar. Essas situações são normais dentro do futebol. Mas não houve problema algum entre a gente, sempre tentei ajudá-lo para tirar o time dessa situação.
LNET!: E o que você pode falar desse período com Dorival Júnior?
DS: Houve uma mudança na maneira de jogar do time todo, não só a minha. Dorival gosta que os meias joguem mais centralizados, e não tanto pelos lados do campo. E isso ajuda, porque você fica mais próximo dos atacantes, e mais perto do gol. Eu caía mais pelos lados do campo, me desgastava mais e não fazia jogadas agudas de gol. E até acabava perdendo a bola… Agora, quando recebo a bola na entrada da área, você está bem, inteiro e consegue fazer as jogadas ofensivas.
LNET!: Pelos elogios que você está fazendo a Dorival, o que achou daquela situação com Neymar?
DS: Dorival não merece aquilo que aconteceu. É uma pessoa do bem, que conversa com todo mundo, é profissional, duro, e cobra quando tem de cobrar. Mas é uma pessoa fantástica, mesmo em pouco tempo de convívio aqui no Atlético-MG.
LNET!: E o que acha sobre o jogador curtir a noite, depois dos jogos fora de casa? O Palmeiras viveu esse problema no Brasileirão (com o técnico Antonio Carlos) e foi esse um dos motivos que desgastaram a relação de Dorival no Santos.
DS: Quando um jogador sai, ele sai porque o técnico liberou, junto com a diretoria. Existe um horário para você voltar e, a partir dali, faz o que bem entender. Jogador não dorme cedo depois dos jogos, a gente fica naquela adrenalina da partida. Eu mesmo não durmo cedo, vou para o quarto de algum jogador na concentração, converso, mas tem outros que preferem dar uma volta. Em um clube de futebol ninguém é criança, todo mundo sabe muito bem diferenciar o certo do errado.
LNET!: Mas nem sempre é esse procedimento que acontece, não é?
DS: Eu só joguei até hoje com um jogador que não precisava de aval de ninguém para fazer o que queria, ele fazia o que tinha vontade e este jogador era Romário. Tirando ele, não teve nenhum que tinha esse poder de fazer as próprias vontades.
LNET!: Você se considera polêmico?
DS: Um pouco, porque tenho minha opinião, já fui muito briguento, se tivesse de falar eu falava, mas estou mudando, estou ficando mais light, “Diego Paz e Amor”. Não brigaria com o Domingos, como aconteceu.
Nota da redação: Na semifinal do Paulistão-2009, Diego Souza foi expulso após discutir com o zagueiro Domingos, na época no Santos. Depois de sair do gramado, o meia voltou a campo e agrediu o adversário, com um chute.
LNET!: Você já teve uma passagem pelo Benfica (POR). Ainda quer jogar no exterior? Todos diziam que você sairia do Palmeiras para fora…
DS: Não penso, deixo as coisas acontecerem. Estou feliz aquil, o presidente é fantástico, meio doidão, ótimo para o clube, e estou me sentindo em casa, pela estrutura daqui.
LNET!: Tem alguma mania?
DS: Só roer as unhas.
LNET!: Depois da frustração de 2009, consegue fazer alguma aposta para este Brasileirão? Quem ganha?
DS: Eu estava apostando no Grêmio, mas o time deu uma caída. Muitos estão brigando pelo título e para não cair. É arriscado falar agora.
Nota da redação: Diego Souza atendeu a reportagem do LANCE! antes da vitória do Grêmio sobre o Cruzeiro, domingo passado.
LNET!: Como melhor jogador do Brasileirão-2009, qual jogador está chamando a sua atenção neste ano?
DS: Gosto do Conca (do Fluminense). Ele está jogando muito bem.
PALMEIRAS
Brasileirão-2009
Diego Souza diz que o problema com a torcida começou em 2009, com a perda do título do Brasileirão. “Eu passei a ser perseguido, como protesto, por não ter conquistado o título. Fui o melhor daquele campeonato, suei a camisa, suei sangue em busca do título”, defende-se.
O Palmeiras liderou boa parte da competição, mas caiu de rendimento nas rodadas finais. Perdeu a ponta e nem sequer conquistou uma das quatro vagas para a Libertadores de 2010.
“Fui para Seleção, fiquei dois jogos fora, contra adversários de meio para baixo na tabela. E nós fizemos só um ponto (empate com o Avaí, no Palestra Itália, e derrota por 3 a 0 para o Náutico, em Recife). Eu poderia ter tirado a minha responsabilidade, mas dei minha cara para baterem, conversava com os jogadores, ia até a sala de imprensa dar entrevista, convoca-va a torcida, e dizia que estávamos na briga pelo título. Quando você faz isso, existe uma exposição maior e vira um alvo maior.”
Vágner Love x Torcida
Na reta final do Brasileirão-2009, os atletas do Palmeiras se assustaram com a postura de uma das torcidas uniformizadas do clube, que agrediu o atacante Vagner Love na rua, após ele deixar uma agência bancária. “Se o momento do time não é bom, você precisa se proteger um pouco mais, evitar certas situações, e deixar de ir em alguns lugares. Mas eu não sabia o que o Vágner fazia. Ele era meu amigo, mas depois do treino cada um ia para sua casa”, diz Diego.
“ Claro que todo jogador gosta de sair para dar uma volta, mas a torcida achou que Vágner estava fazendo algumas coisas erradas naquele momento difícil do time e resolveu protestar. Ela tem todo o direito de fazer isso na arquibancada ou no estádio, mas nunca agredindo um atleta na rua.” Diego Souza, no entanto, reagiu aos xingamentos dos torcedores palmeirenses quando eles foram feitos dentro do estádio, como ele citou, no duelo contra o Atlético-GO, em abril.
Gestos para a numerada
A última ação de Diego Souza no Palmeiras foi fazer um gesto de protesto para alguns torcedores que o vaiavam, assim que ele estava saindo de campo, após ser substituído. “Existem situações e situações. Eu estava sendo cobrado desde o Brasileirão–2009. Fiquei triste com a perda do título? Fiquei, claro. Mas saí de férias, curti com a minha família e, quando voltei, mais protestos… ‘Diego Souza Troféu Pipoca’, teve tudo isso. Fiz a pré-temporada normalmente, me dediquei e, logo no primeiro jogo, antes de começar, mais protestos. Marcava gols nos e continuava sendo vaiado. Isso vai deixando você um pouco irritado. E tiveram outras coisas que me prometeram que não cumpriram também…”, reclama o jogador.
“Aí, no fim de um jogo, eu já estava no meu limite, com alguns torcedores pegando no meu pé… Acabei fazendo um gesto para eles. Não concordei com as reclamações e fiz aquilo.”
Briga com a diretoria
Diego Souza criticou a diretoria do Palmeiras ao deixar o clube, dizendo que algumas coisas que foram prometidas a ele, não foram cumpridas. O meio de campo, por sua vez, nega que o problema tenha sido o pagamento de salários, fato comum no Verdão.
“Por mais que o Palmeiras atrasasse uma vez ou outra, não foi isso. Foram outras situações, deixa para lá… Coisas que tinham de acontecer foram adiando, adiando, e não aconteceu. E isso acaba virando uma bola de neve”, diz.
A diretoria passou a ter uma relação ruim com o atleta após a confusão no Palestra com torcedores. Os dirigentes responderam que procuravam o meia para conversar e ele evitava contato, deixando assuntos pendentes e causando um mal-estar entre as partes.
Nem a chegada de Kleber e Felipão, que pediram para o jogador ser reintegrado ao grupo, foi suficiente para seduzir a Traffic,
que negociou o jogador com o Atlético-MG.
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