Fonte: uol
O presidente da CBF, José Maria Marin, disse na quarta-feira que duas razões o levaram a antecipar para esta sexta o nome de Luiz Felipe Scolari como o técnico da seleção brasileira.
Primeiro, e mais importante, o pedido direto do presidente da Fifa, Joseph Blatter, e do secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke.
"Eles me disseram que o anúncio produziria uma agenda positiva para o sorteio dos grupos da Copa das Confederações no sábado."
A segunda razão para antecipar seu cronograma (pretendia anunciar o técnico em janeiro) seria para evitar um efeito ruim no mercado de renovação de técnicos no futebol brasileiro: muitos poderiam ficar esperando para saber se tinham chance de serem escolhidos pela CBF.
"Principalmente o Tite, do Corinthians, que eu desejo que vá totalmente focado com o time para o Mundial de Clubes no Japão", diz Marin.
O cartola disse que o novo técnico terá "total liberdade na montagem do time e nas convocações". Mas deixou claro que quer ver a lista 48 horas antes da divulgação.
Christophe Simon/AFP
Marin (esq.) conversa com Ronaldo durante evento no Rio de Janeiro, na segunda
Folha – É oficial a nomeação de Luiz Felipe Scolari para técnico e de Carlos Alberto Parreira como coordenador?
José Maria Marin – É oficial. Eles serão anunciados amanhã [hoje], às 10h30. Só não vai ser na sede da CBF porque o local não comportaria o número de jornalistas presentes. Será em um hotel.
Já conversou com ambos?
Claro. Mas quero deixar registrado que antes de acertar em definitivo com o Parreira eu falei com o Felipão. Ele me disse que recebia o nome do Parreira com a maior alegria. Fiquei até arrepiado, porque o Felipão me disse que dava nota mil para o Parreira. Teremos dois campeões do mundo ajudando a seleção.
O sr. disse que iria anunciar o novo técnico em janeiro. Depois, antecipou para a semana que vem. Agora, ficou para esta semana. O que aconteceu?
Eu percebi que se fosse em janeiro iria prejudicar o mercado brasileiro de contratações neste final de ano. Muitos técnicos estão para renovar seus contratos e poderiam ficar desfocados de seus clubes esperando a definição na seleção. Principalmente o Tite, do Corinthians, que eu desejo que vá totalmente focado com o time para o Mundial de Clubes no Japão. Então, eu iria antecipar para a semana que vem o anúncio do novo técnico.
Mas acabou ficando para esta semana. Por quê?
Por uma razão muito simples. E essa foi a razão principal. Numa conversa hoje [ontem] com o Joseph Blatter [presidente da Fifa] e com o Jérôme Valcke [secretário-geral da Fifa] eles me disseram que o anúncio do Felipão e do Parreira produziria uma agenda positiva para o evento desta semana, de sorteio dos grupos da Copa das Confederações. Inclusive porque há uma entrevista coletiva dos técnicos na sexta-feira [amanhã] e seria uma pena a cadeira do Brasil estar vazia. Em consideração ao Blatter e ao Valcke, que fizeram uma ótima sugestão, vou anunciar os nomes oficialmente nesta quinta-feira [hoje].
O sr. cogitou contratar José Carlos Brunoro para ser o coordenador técnico?
Antes, eu quero dizer que ouvi que o Américo Faria [ex-supervisor] seria convidado. Não existe a menor hipótese de isso acontecer. Sobre o Brunoro, ele é um amigo, muito preparado e eu gosto dele. Mas não está cogitado.
Por que o sr. extinguiu o cargo de diretor de seleções?
Primeiro, porque acho que um coordenador técnico já é suficiente para desempenhar essa função. Segundo, porque há uma limitação estatutária na CBF sobre o número de diretores. E quero criar uma diretoria de Relações Internacionais, para representar a CBF no exterior
Houve algum contato do sr. com Abel Braga?
Como eu disse, não quero mexer com a estrutura dos clubes brasileiros. Não acho correto.
Um ano e meio é tempo suficiente para preparar a seleção para a Copa do Mundo?
É mais do que suficiente. Não tenho a menor dúvida.
Mas não teria sido melhor, se essa era a intenção, demitir o técnico Mano Menezes antes?
Foi no momento certo. O Mano, neste final de ano, certamente receberá muitas propostas de trabalho. O calendário do futebol ajuda.
Milton Cruz, auxiliar técnico do São Paulo, será convidado a integrar a comissão técnica?
Repito que não quero mexer nas estruturas do clubes.
Como será o seu método de trabalho com Scolari?
Ele terá acesso direto ao presidente da CBF. Terá total liberdade na montagem do time e nas convocações. Ele terá independência total, mas continuarei a ver a lista de convocados antes de sua divulgação. Já disse que não quero empresários de jogadores no hotel onde a seleção esteja hospedada.
O sr. chegou a cogitar convidar Pep Guardiola para ser o técnico da seleção?
Eu respeito o Guardiola, mas ele é um técnico de equipe, não de seleção. O Brasil foi campeão mundial cinco vezes com técnicos brasileiros. Enquanto eu for presidente da CBF, o técnico será um brasileiro.
Houve um desentendimento entre o sr. e Andres Sanchez?
Eu respeito o posicionamento dele e fiquei esperando a carta que ele disse que enviaria. A carta chegou, muito educada. A CBF estará de portas abertas para ele.
Mas o sr. queria que ele tivesse saído antes?
Prefiro não entrar nesses detalhes.
O ex-jogador Romário tem defendido a sua demissão do cargo de presidente da CBF…
Quando eu cumprir com a minha missão, eu saio. Meu mandato vai até 2015 [a eleição será em abril de 2014].
No sábado, no evento da Copa das Confederações, o sr. estará com a presidente Dilma Rousseff. O que vai dizer a ela?
Eu estou só preocupado com o futebol, com a seleção brasileira e com a CBF.