Fonte: O Estado de São Paulo
O lendário Gylmar dos Santos Neves, a unanimidade, faz 80 anos
Considerado o melhor goleiro da história do futebol brasileiro, foi ídolo no Santos, no Corinthians e na seleção. Ganhou todos os títulos. E o respeito dos torcedores
Arquivo/AE Em ação na Copa de 1962
Nelson Rodrigues dizia que a unanimidade é burra. Pois Gylmar dos Santos Neves é prova de que o brilhante escritor pernambucano estava errado. Jogador do Corinthians (1951 a 1961), do Santos (1962 a 1969) e da seleção brasileira nas Copas de 1958, 1962 e 1966, o maior goleiro da história do futebol brasileiro conquistou todos os títulos em sua carreira e o respeito de todos os torcedores, com sua elegância demonstrada tanto na hora de impedir o gol adversário como no momento de se comportar fora dos gramados. A lenda viva completa hoje 80 anos de idade. Um AVC, em 2000, o deixou com 40% dos movimentos, mas não tirou a alegria de viver, ao lado da mulher Rachel, com quem está há 50 anos e teve os filhos Rogério e Marcelo.
Gylmar nasceu em Santos e começou a carreira no Jabaquara, aos 15 anos. Foi para o Corinthians em 1951, conquistando o Paulista daquele ano. Foi bicampeão no ano seguinte e se transformou no “guardião do quarto centenário”, título estadual de 1954, ano em que também se sagrou campeão do Torneio Rio-São Paulo. Saiu do Parque São Jorge, após goleada diante da Portuguesa por 7 a 3.
Foi para o Santos e se juntou a craques como Zito, Pelé, Pepe, Coutinho, formando um dos maiores times da história do futebol. Ganhou cinco títulos paulistas (1962, 1964, 1965, 1967 e 1968), quatro Taças Brasil (1962 a 1965), três Torneios Rio-São Paulo (1963/1964 e 1966), duas Libertadores e dois Mundiais (1962 e 1963).
Na seleção brasileira foram três Copas do Mundo. Dois títulos: 1958 e 1962. Em 1966, já veterano, aos 35 anos, dividiu o gol com Manga na campanha desastrosa do Brasil, eliminado na primeira fase. No total foram 103 jogos.
Elástico, com ótima colocação e corajoso, Gylmar obteve a admiração até de torcedores rivais. Belo e educado, agradava também ao público feminino, que, na época, não era uma frequência constante nos jogos. Gylmar parou aos 39 anos. Mas a bola jamais vai esquecer o seu maior camisa 1. Em uma das máximas do esporte se diz: “Todo grande time começa com um grande goleiro.” Melhor se atender pelo nome de Gylmar.